Entenda por que os visitantes não devem oferecer alimento aos macacos-prego

29/04/2017

O Parque Ecológico cidade da Criança abriga, além dos animais do plantel do zoológico, inúmeros indivíduos de vida livre que habitam os 104 hectares de Mata Atlântica que cercam o local. Os macacos-prego (Sapajus nigritus) são exemplos de animais livres que circulam entre os visitantes.

 

Essa aproximação desperta, muitas vezes, o interesse de interação, como por exemplo, tocar, se aproximar para tirar uma fotografia ou oferecer alimento. Essa prática pode ser prejudicial tanto aos primatas quanto para os visitantes.

 

Os visitantes criaram ao longo dos anos o hábito de oferecer aos animais silvestres de vida livre do Parque Ecológico alimentos antrópicos, essa nomenclatura pode ser associada a todo alimento modificado pelo homem. “Frutas que sofreram seleção artificial, comida industrializada e manufaturados como assados, cozidos ou fritos”, explica a bióloga Isabela Alves de Lima.

 

Vários estudiosos apontam os malefícios da alimentação antrópica aos macacos-prego, a bióloga cita o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Conservação da Fauna do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no qual os profissionais especializados em fauna silvestre esclarecem as consequências dessa prática

 

Entre os malefícios citados pelo Núcleo de Conservação da Fauna do JBRJ são as doenças causadas pela alimentação antrópica. “Bolacha, salgadinho, chocolate, pães, refrigerante ou qualquer tipo de alimento rico em açúcar, sal ou gordura podem provocar alergias, cárie, diabetes, pressão alta, doenças renais e hepáticas, vermes e até diminuir o tempo de vida do animal.

 

O quati (Nasua nasua), outra espécie livre que também recebe alimentação oferecida pelos visitantes, desenvolveu, assim como os macacos-prego, o hábito de se aproximar de humanos, ‘roubar’ pacotes de salgadinho ou bolacha, revirar lixeiras e até mesmo pegar objetos das mãos das pessoas.

 

“Precisamos lembrar que o Parque Ecológico é um local que possibilita a interação do homem com a natureza de maneira consciente, essa área já era ocupada pelos animais antes da chegada das pessoas é importante manter a Mata Atlântica preservada, respeitar e evitar qualquer tipo de interferência drástica”, destaca a bióloga.

 

O ato de oferecer alimento aos animais pode ser motivado também pela suposição que esses animais estão passando fome. “Essa é uma ideia equivocada, os macacos-prego e os quatis, e todos os animais livres do parque, encontram toda a alimentação necessária na mata, eles não precisam do nosso alimento”, explica Lima.

 

No entanto, como foram acostumados durante um longo período a encontrar alimento nas proximidades do zoológico, o Hospital Veterinário oferece diariamente frutos para os macacos-prego e para os quatis. “Além de terem adquirido o hábito de se alimentar fora da mata, eles entram nos recintos dos animais do plantel do zoológico para pegar comida, por isso não podemos suspender de maneira abrupta a entrega de alimento aos animais livres”, acrescenta.

 

A bióloga reforça que apenas a alimentação oferecida pelo Hospital Veterinário é suficiente. “Os macacos, por exemplo, precisam de nutrientes encontrados apenas na natureza, como insetos e outros invertebrados, ovos de pássaros, frutos, brotos, anuros, larvas, enfim eles precisam caçar, coletar e forragear”.

 

O que é forragear?

Os macacos possuem hábitos naturais que colaboram para a relação hierárquica do bando e na organização social do grupo. De acordo com a bióloga forragear “é a movimentação exploratória pelo ambiente coletando alimento, comportamento comum em muitas  espécies”.

 

Esses animais foram acondicionados ou ensinados a buscar alimentação de maneira fácil, esse mecanismo altera comportamentos. “Mesmo frutas e alimentos naturais são prejudiciais para animais silvestres, já que existe o risco de contaminação proveniente de defensivos agrícolas”, ressalta Lima.

 

Uma vez que os animais aprendem a buscar esse tipo de alimento eles passam a assaltar os espaços de convivência dos humanos, como a praça de alimentação do Parque Ecológico e a revirar lixeiras. “Os macacos e os quatis acessam embalagens descartadas, mordem e podem ingerir acidentalmente pedaços de metal, plástico ou até mesmo vidro”, revela.

 

A bióloga reforça que “os animais passam a associar o barulho de uma sacola plástica ao oferecimento de qualquer tipo de alimento, eles podem pegar acidentalmente celulares, câmeras fotográficas, pacotes de cigarro e até bebidas alcoólicas”.

 

Oferecer alimento aos indivíduos de vida livre é expressamente proibido, os visitantes são orientados por placas, avisos e pelos funcionários a evitar essa prática. Essa atitude é prejudicial aos animais e também aos seres humanos. “Para aproveitar o local é imprescindível ter consciência ambiental e respeito a natureza”, finaliza Lima. 

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